quarta-feira, 17 de março de 2010

Noite

Mais uma noite inflama
O fogo reina
Granada e grana
No motor da cidade
O Povo reclama

Pimenta, metranca, pipoca, cinema
Mulata, papel, cativeiro
Disfarça a miséria, descamba o dinheiro

Alguém desdenha na cobertura
Pensando segura, ignora a guerra
Mais uma tosca caricatura
A bala parece uma estrela cadente
Mas bala não mente, perfura

O prédio olhando pro mar não espera
A onda distante que se desepera
E quando tremer o batente
Nem tente rezar, nem tente
As águas não ouvem apelos
Não tem cabelos pra se agarrar

Mais uma noite sombria
Severa
Pode ir já é dia
Do resto que sobra
O sol incinera.